1º de outubro é o Dia Internacional do Idoso, cuja data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1991, buscando sensibilizar a sociedade para as questões do envelhecimento e da necessidade de proteger e cuidar da população idosa.

“Idoso” é um termo que costuma carregar um tom pejorativo, assim como “velho”, “terceira idade”, ou mesmo “melhor idade”. É importante que as pessoas com mais idade sejam percebidas como mais experientes, seniores e sábias. As empresas aproveitam menos do que poderiam do potencial das pessoas 50+ ou 60+.

De acordo com o Estatuto da Pessoa Idosa, no Brasil, as pessoas idosas são aquelas com 60 anos ou mais de idade. Há projetos de lei que circulam, com o objetivo de avançar esse limite para os 65 anos. Por um lado, faz sentido porque a população tem aumentado sua expectativa de vida, mas por outro lado, menos pessoas são atendidas pelos direitos que as pessoas 60+ teriam acesso.

Devido às regras para aposentadoria, o dinamismo do mercado de trabalho e as taxas de desemprego no país, as empresas não empregam tantas pessoas mais seniores. Por exemplo, apenas 9,9% de todos os funcionários da pesquisa FEEx – FIA Employee Experience, edição 2022, tem 50 anos ou mais. Quando o recorte é feito com os 65+, esse grupo é de apenas 0,4% do total de participantes.

Parecem ser poucos, mas em 2017, somente cinco anos antes, esse grupo de 50+ era de 9,4%, sendo 0,3% aqueles com 65 anos ou mais.

E o que esse grupo apresenta de diferencial? Muitas coisas. Primeiro, são funcionários mais estáveis e mais fiéis à empresa, como seria possível prever. Segundo, são muito mais satisfeitos com a experiência de trabalho do que os outros funcionários, pois a maturidade promove outro olhar para a organização. Terceiro, são mais frequentes nos cargos de gestão, pois os 50+ são 22% mais frequentes como gestores do que não-gestores.

  1. Os funcionários 50+ têm uma chance 38% maior de não buscar vagas fora da empresa, do que aqueles que têm de 27 a 32 anos. Eles têm uma tendência maior de permanecer na empresa. Além disso, enquanto 3% das pessoas que têm até 39 anos de idade, mesmo em empresas de ótima reputação, estão procurando outra empresa para trabalhar, isso acontece para somente 1% dos funcionários com 50 anos ou mais.
  2. A remuneração é um item 9% melhor avaliado para os colaboradores seniores, do que para os outros mais jovens, e a carreira é algo 7% melhor percebido para os mais veteranos também. Esses dois itens são aqueles que mais se destacam quando comparados os grupos de acordo com a faixa etária, e justamente os fatores que mais envolvem senso de justiça.
  3. As pessoas com mais de 50 anos nas empresas da pesquisa FEEx também ocupam mais os cargos de gestão, o que pode explicar as notas mais favoráveis para a sua experiência de trabalho, mas principalmente por se sentirem mais parte da empresa. É comum pensar que quanto mais idade, mais responsabilidade, e realmente ocupam posições mais estratégicas. E quando olhamos somente para os cargos de alta liderança (C-level), os 50+ são 34% do grupo, ou seja, mais do que um terço (lembrando que eles não passam dos 10% no geral).

É também interessante observar como os 50+ observam os fatores de atração das empresas. De forma geral, diferentemente dos mais jovens, o grupo sênior se atrai principalmente pelo alinhamento com os valores da empresa (20% vs 13%) e também pela identificação com a proposta de atividades do cargo (18% vs 13%). Também percebem mais a necessidade de trabalhar. E assim como os jovens, também é muito importante que as organizações promovam perspectiva de crescimento de carreira (21% vs 39%).

Quanto aos fatores de permanência, os 50+ se interessam menos por oportunidades de aprendizado e desenvolvimento do que os jovens (25% vs 43%), mas desejam muito mais ter um sentimento de satisfação com o trabalho, o que não é tão forte para aqueles que têm de 23 a 26 anos (36% vs 14%), por exemplo. Além disso, os 50+ passam a se importar mais com salários e benefícios do que aqueles que têm até 22 anos de idade (21% vs 16%).

Os dados produzidos pela pesquisa FEEX – FIA Employee Experience permitem que as empresas participantes compreendam como está a sua relação com diferentes extratos de seus colaboradores, possibilitando assim uma gestão mais acurada do seu potencial humano em cada uma de suas categorias de gênero, idade, cor da pele ou formação profissional.

Algumas empresas já perceberam a importância da diversidade intergeracional e começam a adotar políticas de retenção e  boa aplicação da experiência de seus profissionais seniores. Afinal, são eles  que viveram e construíram a construíram a cultura e o saber da organização.